Dentro de um avião, tudo é pensado para garantir a segurança dos passageiros e da tripulação. O que muita gente não imagina é que, mesmo a milhares de metros de altura, o risco de incêndio existe e precisa ser controlado com rapidez. Por isso, sim, avião tem extintor de incêndio, e não é apenas um. Há um conjunto inteiro de equipamentos e sistemas preparados para agir caso ocorra qualquer foco de fogo a bordo.
A ideia de um incêndio no ar assusta, mas o que pouca gente sabe é que há um protocolo rigoroso que começa muito antes de o avião decolar. As companhias aéreas seguem normas internacionais que determinam onde os extintores de incêndio devem estar, quem pode usá-los e de que tipo eles precisam ser. Tudo é pensado para reduzir riscos e proteger vidas.
O motivo de haver extintores em aviões
O fogo é um dos maiores perigos em qualquer meio de transporte, e em aviões isso se torna ainda mais grave, já que não há como “parar e sair correndo”. Um pequeno curto-circuito, superaquecimento ou vazamento pode gerar uma situação crítica. Por isso, o sistema de combate a incêndio é obrigatório em praticamente todos os tipos de aeronaves.
Durante um voo, diversos equipamentos elétricos ficam em funcionamento constante, como sistemas de navegação, iluminação, cozinha de bordo e até o entretenimento de bordo. Qualquer falha elétrica pode iniciar uma faísca. Ter extintores de fácil acesso e sistemas automáticos é essencial para reagir imediatamente.
Outro ponto importante é que, dentro de um avião, o oxigênio é limitado e controlado. Um incêndio pode consumir o ar rapidamente, aumentando o risco de as pessoas desmaiarem. Por isso, a prioridade é apagar o fogo o mais rápido possível antes que se espalhe.
Onde ficam os extintores dentro de um avião
Os extintores estão distribuídos em pontos estratégicos para que qualquer foco de incêndio possa ser combatido rapidamente. A quantidade e o tipo dependem do tamanho da aeronave e da capacidade de passageiros.
Cabine de pilotagem
Na cabine dos pilotos, sempre há pelo menos um extintor de incêndio portátil. Ele serve para apagar pequenos focos causados por falhas elétricas nos painéis ou sistemas de controle. O piloto e o copiloto são treinados para manuseá-lo corretamente, sem comprometer os instrumentos de voo.
Cabine de passageiros
Nos aviões comerciais, há vários extintores espalhados ao longo do corredor, geralmente próximos às saídas de emergência e áreas de serviço. Os comissários sabem exatamente onde cada um está e fazem treinamentos frequentes para utilizá-los com segurança.
Esses extintores costumam ser de CO₂ ou halon, ideais para apagar incêndios causados por equipamentos elétricos e líquidos inflamáveis, sem deixar resíduos que possam danificar o interior do avião.
Cozinha de bordo (galley)
Essa é uma das áreas mais propensas a incêndios, já que contém fornos, aquecedores e sistemas elétricos. Por isso, há extintores específicos para esse local, geralmente do tipo espuma ou halon, capazes de agir rapidamente sobre chamas de líquidos ou gordura.
Banheiros e compartimentos de carga
Mesmo em lugares pequenos como os lavatórios, existe um sistema de segurança. Sob a pia, há extintores automáticos que liberam o agente extintor assim que detectam calor acima do normal. Já no compartimento de bagagens, que não é acessível durante o voo, há sensores de fumaça e um sistema automático de supressão de incêndio.
Tipos de extintores usados em aviões
Os aviões não usam o mesmo tipo de extintor encontrado em carros ou prédios. Eles precisam ser leves, eficazes e não tóxicos, já que o ar dentro da cabine é reciclado. Veja os principais tipos de extintores de incêndio:
- Halon 1211 ou 1301: o mais comum em aeronaves, é altamente eficiente para apagar chamas elétricas e líquidos inflamáveis.
- Dióxido de carbono (CO₂): utilizado em áreas onde o halon não é recomendado, como a cozinha ou compartimento de carga.
- Espuma ou agente químico seco: usado em alguns aviões menores, especialmente em áreas externas ou em hangares.
Essas substâncias são escolhidas porque não deixam resíduos e não reduzem tanto o nível de oxigênio dentro da cabine, o que poderia prejudicar os passageiros.
Treinamento da tripulação para usar o extintor
Não basta o avião ter extintores — é fundamental que as pessoas saibam como usá-los. Toda a tripulação passa por treinamentos periódicos de combate a incêndio, tanto teóricos quanto práticos.
Os comissários aprendem:
- A identificar o tipo de fogo (elétrico, combustível, sólido, etc.).
- Escolher o tipo certo de extintor.
- Posicionar-se corretamente para evitar inalar fumaça.
- Conter o incêndio sem causar pânico entre os passageiros.
Os pilotos também são treinados para situações mais complexas, como fogo no motor ou sistemas elétricos. Existem até simuladores de incêndio que reproduzem o comportamento real das chamas e da fumaça dentro de uma aeronave.
Sistemas automáticos de combate a incêndio
Além dos extintores manuais, os aviões contam com sistemas automáticos. Esses sistemas são verdadeiros “vigias eletrônicos” que detectam calor, fumaça ou gases anormais e acionam a liberação do agente extintor de forma automática.
Motores e APU (Unidade Auxiliar de Energia)
Essas áreas são as mais críticas. Se o fogo começar ali, ele pode comprometer toda a aeronave. Por isso, cada motor tem sensores e cilindros de halon que disparam automaticamente ou sob comando dos pilotos. O mesmo vale para a APU, que fornece energia elétrica quando o avião está em solo.
Compartimento de carga
Em voos comerciais, o compartimento de bagagens possui detectores de fumaça conectados a um painel na cabine dos pilotos. Se for detectado fogo, um sistema libera automaticamente o gás extintor, eliminando o oxigênio e abafando as chamas.
O que acontece se houver fogo em voo
Em caso de incêndio, o tempo é o inimigo. A tripulação é treinada para agir em menos de 15 segundos após perceber fumaça ou cheiro de queimado. A ordem das ações é simples e direta:
- Identificar a origem do fogo (painel, assento, banheiro, galley, etc.).
- Usar o extintor apropriado para o tipo de incêndio.
- Isolar a área e manter os passageiros afastados.
- Comunicar o cockpit, que avalia se é preciso descer de altitude ou desviar o voo.
- Ventilar a cabine quando o fogo estiver controlado, para remover fumaça e gases.
Em situações mais sérias, o comandante pode declarar emergência e realizar um pouso de prioridade. Mesmo assim, é muito raro um incêndio em voo causar tragédias hoje em dia, graças a todos esses sistemas.
Aeronaves pequenas também têm extintores?
Sim. Mesmo aviões particulares ou de pequeno porte precisam ter ao menos um extintor de incêndio a bordo. O tamanho e o tipo variam conforme o peso da aeronave e a quantidade de ocupantes, mas a regra é universal: qualquer aeronave que transporte pessoas deve ter equipamento de combate a incêndio.
Em muitos casos, o extintor é fixado próximo ao painel de controle, acessível tanto ao piloto quanto ao copiloto. Nos aviões agrícolas, por exemplo, onde há mais risco por produtos químicos, é comum haver um segundo extintor de reserva.
Aviões de carga e extintores industriais
As aeronaves cargueiras possuem regras ainda mais rigorosas. Como carregam produtos variados, inclusive inflamáveis, há divisões internas com sistemas de supressão independentes.
Além dos extintores de mão, elas contam com detectores de temperatura e gases que podem acionar automaticamente o sistema de combate.
O compartimento é selado, e o gás liberado permanece ativo durante horas, impedindo a propagação das chamas até o pouso. Esse tipo de sistema é chamado de sistema de contenção prolongada, usado principalmente em aviões de longo alcance.
A substituição do halon e o futuro dos extintores de avião
O halon é extremamente eficaz, mas tem um problema: agride a camada de ozônio. Por isso, desde os anos 1990, sua produção foi reduzida. Hoje, as companhias aéreas estão substituindo o halon por alternativas mais ecológicas, conhecidas como HFCs e HCFCs, que mantêm o mesmo desempenho, mas com impacto ambiental menor.
Além disso, novas tecnologias estão surgindo, como sensores inteligentes que detectam mudanças mínimas de temperatura e sistemas de extinção baseados em névoa de água. Essas inovações tornam o voo ainda mais seguro.
Curiosidades sobre incêndios em aviões
- O primeiro sistema de extinção de incêndio em motor de avião foi criado ainda nos anos 1930.
- Os testes de segurança simulam incêndios reais com fogo controlado para treinar pilotos e comissários.
- Mesmo com toda a tecnologia, o extintor portátil continua sendo essencial — é o primeiro recurso em um fogo de pequena proporção.
- Aviões modernos são feitos com materiais resistentes ao fogo, o que ajuda a retardar a propagação das chamas.
Mesmo que a ideia de um incêndio em pleno voo cause medo, a verdade é que os aviões são projetados para lidar com isso com eficiência e rapidez. Entre os extintores, sensores automáticos e a preparação da tripulação, tudo é feito para garantir que qualquer foco de fogo seja controlado antes de virar um problema. Essa combinação de tecnologia e treinamento é o que mantém a aviação entre os meios de transporte mais seguros do mundo.